sábado, 13 de dezembro de 2014

Esta erupção do vulcão da ilha do Fogo já é mais destrutiva do que a de 1995.

Duas povoações estão destruídas. Receia-se que outras no caminho mais provável do rio de lava também sejam apanhadas, até porque o vulcão se mantém em actividade.

Em 1995, o vulcão da ilha do Fogo, em Cabo Verde, acordou e manteve-se durante um mês e 24 dias a deitar lava vinda das profundezas da Terra. Agora, passados 19 anos da erupção anterior, voltou a dar sinais de vida — e nos 19 dias em que tem estado a expelir lava já foi mais destrutivo do que em toda a erupção de há quase 20 anos.A lava já destruiu duas povoações — a Portela e Bangaeira —, enquanto em 1995 atingiu uma meia dúzia de casas. Coladas uma à outra, a Portela e a Bangaeira ficam dentro da caldeira vulcânica da ilha do Fogo, conhecida por Chã das Caldeiras. Até há menos de um mês viviam ali cerca de 1300 pessoas, que tiveram de ser deslocadas para outros locais, a maior parte para o antigo liceu da cidade de Mosteiros. Outra parte foi para centros de acolhimento em Achada Furna e Monte Grande. Vítimas mortais não há.Chã das Caldeiras, que é uma depressão plana a cerca de 1600 metros de altura, está em grande parte rodeada por uma escarpa, designada por Bordeira, e que na parte mais alta atinge um quilómetro acima do fundo plano. Aberta a leste, zona em que a escarpa já não existe, a caldeira vulcânica tem cerca de nove quilómetros de comprimento e dois de largura. Do fundo da caldeira ergue-se um grande cone — o Pico do Fogo, que é o vulcão e o ponto mais alto da ilha, com 2829 metros. Desde a erupção anterior, Chã das Caldeiras foi-se enchendo de gente.O cultivo da vinha e a produção de vinho, num dos poucos locais em Cabo Verde onde isso é possível, e o turismo tornaram-se actividades económicas importantes que funcionaram como um chamariz para Chã das Caldeiras. “Desde 1995, a população mais do que duplicou”, refere José Madeira, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e do Instituto Dom Luiz (IDL), regressado há alguns dias a Portugal de uma missão científica ao vulcão. “Houve a cooperação com os italianos para se desenvolver a vinha e a área cultivada aumentou. A procura turística também aumentou. A população jovem da Portela e Bangaeira trabalha como guias — a fazer caminhadas, a ir ao vulcão, a subir a Bordeira.”Mais gente num local perigoso pela presença de um vulcão activo, ainda que costume estar adormecido durante dezenas de anos, é sinónimo do aumento do risco associado a uma erupção. Esta foi uma das razões por que, desta vez, o derrame de lava chegou às casas e as engoliu. Primeiro à Portela, mais a sul, depois à Bangaeira, mais a norte.Quando olhamos para fotografias que os jornais cabo-verdianos têm publicado, vemos que o derrame de lava envolveu as casas e prosseguiu caminho. Vista de cima, a crosta escura da lava surge pontilhada, aqui e ali, pelo topo claro das casas, sobressaindo como pepitas de chocolate branco numa bolacha. Além das casas, assim se perderam terras agrícolas, a adega de Chã das Caldeiras, o edifício do Parque Natural da Ilha do Fogo, estradas.

Vulcão de cabo verde.
Fonte-http://www.publico.pt/ciencia/noticia/esta-erupcao-do-vulcao-da-ilha-do-fogo-ja-foi-mais-destrutiva-do-que-a-de-1995-1679134

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